Fratura do Escafóide Cárpico
O que é?
O escafóide é um dos pequenos ossos do punho, sendo o mais susceptível a fracturar, está localizado na base do polegar, um pouco acima do trapézio e distal ao rádio, está na base da cavidade feita pelos tendões do polegar – a denominada tabaqueira anatómica. Dor ou sensibilidade nesta área pode ser um sinal de que o escafóide está lesado.
Causas
A fractura do escafóide é geralmente causada por uma queda com a mão em hiperextensão. Ocorrem em pessoas de todas as idades, incluindo crianças. A lesão muitas vezes acontece durante actividades desportivas ou um acidente de automóvel. Homens com idade entre 20 a 30 anos são mais propensos a experimentar essa lesão.Quadro clínico
As fracturas do escafóide geralmente causam dor e inchaço na base do polegar. Em alguns casos, a dor não é grave, e pode ser confundido com uma entorse ou lesão minor. No entanto, quando a dor demora a desaparecer é importante consultar um médico. É uma lesão não diagnosticada com frequência numa primeira abordagem. Dor e inchaço no punho são as causas que geralmente levam uma pessoa com uma fractura do escafóide a procurar um médico.
O Rx permite identificar se há fractura do escafóide (Figura 2). No entanto, por vezes, um escafóide fracturado não aparece no estudo radiológico efectuado logo após o traumatismo. Caso o quadro clínico seja sugestivo de fractura e o Rx seja normal, será prudente colocar uma tala por uma semana ou duas e repetir o Rx para ver se a fractura se tornara visível. Uma ressonância magnética (RM) podem ser realizada para visualizar os ossos e tecidos moles. Esta às vezes mostra uma fractura do escafóide antes que possa ser visto no Rx.
Tratamento
Tratamento de fracturas do escafóide depende da localização do traço de fractura no mesmo.
Fracturas próximo do trapézio
Fracturas mais distais geralmente cicatrizam em questão de semanas, com protecção adequada. Esta parte do osso do escafóide tem uma boa irrigação sanguínea, o que é fundamental para a consolidação. O gesso será geralmente abaixo do cotovelo e pode ou não incluir o polegar, sendo variável o período de consolidação. Rx periódicos, complementados por vezes outros exames de imagem, como a tomografia computorizada (TC) são utilizados para avaliar o estado de consolidação da fractura.
Fractura próximo do rádio
Se o escafóide é fracturado na metade proximal (pólo proximal), a consolidação mais difícil devido à fraca irrigação sanguínea. O tratamento conservador deste tipo de fractura, irá implicar uma imobilização gessada que inclua o polegar e se estenda acima do cotovelo na fase inicial do tratamento (6 a 8 semanas).
Tratamento Cirúrgico
Se a fractura é da metade proximal, o tratamento cirúrgico poderá ser a opção inicial. A fractura deverá ser reduzida e fixada (parafuso ou fios de Kirschner são o material habitualmente usado). O material de osteossíntese poderá ou não ser retirado após obtenção da consolidação da fractura.
Algumas vezes, o parafuso ou fio pode ser colocado com uma pequena incisão (percutâneo). Noutros casos, uma incisão maior é necessária para assegurar o correcto alinhamento dos fragmentos. A artroscopia poderá também, em casos seleccionados, prestar o seu auxílio no tratamento cirúrgico das fracturas do escafóide cárpico. Nos casos em que a fractura é cominutiva (tem mais de 2 fragmentos), pode ser necessária a utilização de um enxerto de ósseo (colhido no paciente) que é colocado no local da fractura com o objectivo de estimular a consolidação.
Recuperação
Independentemente do tipo de tratamento, é obrigatória imobilização até a obtenção da consolidação (que pode demorar mais do que 6 meses).
Até ser atingida a consolidação e a menos que autorizado pelo seu médico, deverá evitar:
• Carregar pesos, empurrar, puxar, ou jogar com o braço lesionado
• Prática desportos de contacto
• Subir escadas ou árvores
• Actividades com risco de cair sobre a mão (por exemplo, patins em linha, trampolim)
É muito importante manter o movimento dos dedos ao longo do período de imobilização. Pode ser necessária fisioterapia para o ajudar a recuperar o movimento e força no punho.
Mesmo com o tratamento adequado, algumas pessoas não recuperam o mesmo movimento e força prévios à lesão.
Complicações
É frequente algum grau de rigidez do punho após fractura do escafóide, principalmente após necessidade de período prolongado de imobilização ou cirurgia mais agressiva.
Pseudartrose
Pseudartrose significa a ausência de evolução para a consolidação de uma fractura após tratamento adequado e tempo suficiente para tal. As pseudartroses são mais comuns após fracturas do escafóide porque a oferta de sangue ao escafóide é pobre. O aporte sanguíneo do osso é fundamental para a consolidação de uma fractura.
Habitualmente o Rx é suficiente para o diagnóstico (Figura 4), podendo a TAC permitir uma melhor caracterização do estado dos topos ósseos. Se o escafóide não consolida, a hipótese de tratamento cirúrgico para estabilização do foco e colocação de enxerto ósseo deverá ser equacionada. Por vezes, um tipo especial de enxerto ósseo, com o seu próprio fornecimento de sangue (enxerto vascularizado) pode ser usado.
Necrose avascular
Por vezes, o fornecimento de sangue a um dos fragmentos é de tal forma deficiente que este não obtém nutrientes suficientes e morre; tal designa-se por necrose avascular. Esta complicação ocorre com frequência nas fracturas do pólo proximal do escafóide. A suspeita habitualmente existente no estudo radiológico requer habitualmente confirmação por Ressonância Magnética. Um enxerto ósseo com o seu próprio fornecimento de sangue (enxerto vascularizado) é o tratamento mais eficaz para tentar a revascularização do fragmento necrosado, embora a taxa de insucesso seja considerável.
Artrose
Com o decorrer do tempo, uma fractura do escafóide não consolidada origina o aparecimento de alterações degenerativas no punho que progressivamente vão evoluindo.
Os sintomas incluem:
• Dores no punho
• Diminuição da amplitude de movimento do punho
• Dor com actividades como levantar ou agarrar
Com frequência o primeiro sinal de uma fractura do escafóide cárpico não diagnosticada (por vezes com muitos anos de evolução), são os sintomas das alterações degenerativas que progressivamente se foram estabelecendo; outras vezes o diagnóstico é efectuado após a realização de um estudo radiológico na sequência de um evento traumático minor e que revela já um estadio avançado da doença degenerativa.
Se o Rx evidencia alterações degenerativas no punho, como resultado de uma fractura antiga do escafóide, o tratamento consiste numa primeira fase em tentar melhorar os sintomas da artrose com uma medicação anti-inflamatória e o uso de uma tala antiálgica. Em alguns casos a infiltração local com corticóide poderá ter indicação.
Quando o tratamento conservador se revela ineficaz o tratamento cirúrgico poderá ser necessário. Existem muitos tipos de cirurgias, dependendo a sua escolha, de entre vários factores, do quadro clínico, expectativas do paciente e a experiência do cirurgião.
Mais informações em:
orthoinfo.org|Fractura do Escafóide Cárpico
orthoinfo.org|Torções de Pulso